Tenho pensado muito sobre movimento. Os espaços que quero ocupar e como eu devo chegar até eles: corro, ando, espero? Não sei. Das certezas que tenho, a mais forte é que não quero mais disputar o primeiro lugar.
Desde que me entendo por gente, quero ser a melhor. A melhor amiga que meus amigos podem ter, a pessoa mais legal do bar, a melhor namorada, a melhor aluna da sala, da escola… A melhor funcionária, a melhor e ponto.
Nessa corrida maluca, ganhei alguns pódios, mas a medalha nunca era boa o suficiente.
Aos 13 anos, fui melhor aluna da sala em todas as disciplinas. O professor fez os colegas me aplaudirem e me senti bem por uma tarde. E então senti que pra ser bom mesmo, precisava ser a melhor da escola. No ano seguinte, fui, e para a minha surpresa a sensação de prazer demorou menos ainda.
Agora, com 32 anos, a rivalidade me importa cada vez menos. Quero que meus colegas de trabalho cresçam junto comigo, que ninguém fique pra trás ou sozinho de onde está. Desejo que meus amigos sejam cada dia mais felizes e pessoas melhores e que todo mundo se divirta no bar.
Desejo participar de um grande movimento.
Há pouco mais de um ano, estava em busca de um tipo de exercício físico pra começar a fazer regularmente. Pensei em tudo, mas nenhum parecia tão legal.
Via os amigos da corrida e do crossfit preocupados com campeonatos, e eu não queria competir. Definitivamente, eu não queria tentar um pódio. E então voltei a fazer pilates às 7h da manhã, na turma dos idosos.
Mas faltava algo que só encontrei quando voltei a nadar.
A técnica que o meu eu-criança-competidora gravou em mínimos detalhes nos meus músculos, hoje me lembram passos perfeitos de ballet clássico, que também já tentei ser a melhor. Pela primeira vez, me divirto com o que aprendi dos meus dois esportes favoritos.
Quando nado, meu movimento e minha respiração conversam. Consigo perceber atentamente o grau que os meus braços formam, o equilíbrio certo entre estar submerso e na superfície, além da combinação exata entre força e ritmo das pernas que me levam pra frente, sem que eu me canse.
Não preciso saber se a pessoa da raia ao lado está com um tempo ou técnica melhor, se meu movimento está perfeito e se eu iria conseguir subir no pódio naquele momento. Estou apenas brincando de dançar na água.
E é exatamente esse tipo de movimento que quero ter em todos os campos da minha vida. No fim, quero ter apenas um futuro (mais do que) ex-perfeito, porque cansei de correr contra os outros e contra mim.
Se todos fossem iguais a você… que maravilha viver 💛
muito bom!