Quarta-feira e você já quer que a semana acabe. Não aguenta mais encontrar pessoas, ter que trabalhar e/ou estudar, só queria se divertir um pouco ou descansar. Já te aconteceu? A mim, sim, várias vezes.
Começo esse texto com uma observação: se você se sente assim há muito tempo e/ou sobre várias coisas, procure ajuda com um médico. De uma pessoa que faz acompanhamento psiquiátrico, posso dizer tranquilamente: remédios nos ajudam a balancear melhor as coisas para termos fôlego para resolver a vida.
Já tive alguns episódios do que vou chamar de cansaço mental e social. Começa com uma noite mal dormida ou com dias sem me alimentar de forma nutritiva. Meses sem conseguir fazer uma rotina que sei que me ajuda ou quando todos parecem falar de um assunto - normalmente triste ou tenso - sobre o qual não quero participar.
Semana passada mesmo, enquanto todos falavam da moça que morreu no vulcão, eu só tentava juntar forças pra lutar contra meus próprios demônios porque precisava trabalhar. Tudo o que não queria era mais um assunto triste pra lidar.

De modo geral, a vida adulta é bem chata, se você parar pra pensar. Boa parte do tempo estamos fazendo coisas que não queríamos fazer e desejando o que não podemos. Mas se as pessoas e ambientes de trabalho são assim, o que nos resta?
O meu primeiro passo foi entender que não estava só.
Enquanto estive no Japão, um dos maiores choques foi ver que lá também as pessoas estavam exaustas.
Como assim não é algo exclusivo nosso “ocidentais”? Como pode, agora mesmo, do outro lado do mundo, existir várias pessoas muito cansadas no metrô tentando aproveitar o tempo pra se divertir no celular ou dormir mais um pouco?
Me dar conta de que esse era um problema generalizado me fez entender o porquê encontros com amigos tem ficado mais raros e menos profundos. Da mesma forma que estou cansada e frustrada, outras pessoas também estão. E ainda assim elas estão tendo que lidar com a vida, exatamente como eu e você.

O segundo passo veio com um podcast.
Se você não é novo aqui, sabe que podcast ainda é difícil pra mim, mas esse me chamou atenção porque falava justamente sobre essa dificuldade generalizada de estar bem com a vida adulta - seja ela com o trabalho ou só curtir os amigos.
O episódio diz que quando a gente entende que as pessoas e o trabalho não existem para nos entreter, dói menos. E ficamos livres para encontrar o que realmente vale a pena.
Estamos tão acostumados com as redes sociais, séries de tv entre outras coisas que conversas simples com nossos avós não nos preendem mais. Parece que falta ritmo, o tédio bate e não conseguimos mais ter conexão com as pessoas.
Lembrar que o mundo não é igual ao feed de Instagram ou Tiktok é chato, mas é a vida real. Seu amigo está trabalhando agora e mesmo que te ame e se preocupe com você, não poderá deixar uma reunião pra te dizer que tudo ficará bem ou te contar uma piada.
Dói ter que aceitar isso, eu sei. Mas sou sempre a favor de tirar o band-aid em vez de ficar se iludindo.
O meu terceiro e atual passo é encontrar pessoas que também estão assim.
A minha intenção aqui não é ser pessimista, pelo contrário. Quero encontrar outras pessoas que também estão no meio do campo, pensando por onde atacar.
Talvez não seja tão utópico assim acreditar que podemos encontrar a felicidade em situações que não estão sendo vendidas ou oferecidas no horário comercial. E consigamos voltar a ter conexões prazeirosas de verdade com outras pessoas.

É fácil? Claro que não! Tudo em nossa volta nos faz pensar que estamos errados, deslocados e que precisamos de tal coisa para ficarmos completos. Mas se nada disso está funcionando agora, por que não testar outra abordagem?
É o que eu estou tentando fazer, pelo menos. Espero que você e outras pessoas também estejam neste grupo pra trocarmos experiências. Porque eu não sei você, mas não vou querer levar uma vida assim pra sempre.
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Episódio do podcast citado nessa edição:
Me identifiquei, Mari!!
Amiga, não tem um texto seu que eu não ame e não ache lindo, e conto nos dedos os que eu não me identifico. Esse certamente não foi um deles, identificação total por aqui. A gente faz o que pode. Por aqui, ando tentando ser menos passiva online - já que fico conectada a maior parte do meu dia, vou tentar fazer jus a essa "Conexão"e de fato criar ou sustentar alguma. Tenho tentado comentar mais em posts do que apenas dar like, interagir mais com pessoas. Ainda é um micro, um nada, não é conexão "verdadeira". Mas é um começo - pelo menos eu acho. Me encher mais de gente de verdade nessa vida. Beijocas em vc e principalmente no senhor Gilberto!