Pessoas com as cabeças nas nuvens precisam de ajuda para trazer os pés pro chão. No meu caso, eu preciso dar nomes para as situações, sensações e sentimentos.
Imagina então quão desesperador é quando dou de cara com um sentimento novo?! Fico dias tentando encaixar no que eu já conheço: colega? amizade? amor? tédio? chatice? q? Quando não cabe em nenhum desses, preciso criar um novo.
Assim, nasceu o Tchó.
Tchó é grande e não cabe em uma só pessoa. Tem um ou mais cheiros gostosos, e apesar de nunca ter provado o gosto, chutaria que é de café.
Quando você está meio Tchó, você dança comendo comida gostosa ou você fica feliz de ver alguém fazendo essa dancinha. O, Tchó, inclusive, é amigo íntimo das risadas. Quando se tá Tchó, ri de piadas bem bestas, revira o olho e ri de novo.
Tchó faz o dia melhor só de receber uma mensagem aleatória inesperada e te faz olhar o celular pra ver se não vem nenhuma hoje. Mas também te faz ver uma coisa e lembrar de algo, e ainda assim não falar nada sobre isso.
Porque o Tchó pode ser sozinho ou pode ser compartilhado.
Ouvi relatos de pessoas que, quando estavam com Tchó, assistiram futebol pelo YouTube pra estar perto de alguém importante; e outros, que iam às livrarias toda semana e ficavam rodando de lá pra cá sem comprar livro nenhum.
Eu sei, é confuso de entender. Só quem tem Tchó entende.
Porque quem está com Tchó sabe que pode falar o que quiser, mas às vezes escolhe não falar. Fica ansioso pra mandar parabéns, mas decide mandar só uma mensagem calculadamente fria e torce para outra pessoa não perceber (ela vai, acredite). Estar Tchó é assim, não faz sentido mesmo.
Tchó é um dia esperar que sim, dois minutos depois achar que não, 30 segundos depois achar tudo uma chatice e depois voltar tudo de novo.
Dirigindo, ontem, tocou uma música do Chico Buarque que comprova que Tchó é um sentimento conhecido, apesar de esquisito.
Torço por um mundo mais Tchó, mas se não rolar, “o blues já valeu a pena”.