Esses dias, no Twitter (me recuso a chamar de X), vi um meme que compartilhei com os amigos:
Rimos como costumamos rir de brincadeiras com a nossa idade.
Passaram alguns dias e vi um vídeo, dessa vez, no Instagram. Nele, uma moça dizia:
“Tenho 34 anos e não faço ideia do que fazer da vida, enquanto meus pais com minha idade já tinham 2 filhos e pareciam tão seguros de si.
Eles sabiam mesmo ou só fingiam muito bem?”
Ri um pouco menos, porque tenho 34 anos e muitas vezes penso como ela. Afinal, o vídeo era para ser humor ou não?
Tempos desses assistindo uma série, guardei uma cena em que a personagem principal é questionada sobre sua infância e adolescência: Você teria vontade de voltar para aquela época? Por que?
E ela diz: Sim, porque eu queria ver como eram meus pais crescendo junto comigo.
Os pais estão fingindo ou realmente entendem melhor as coisas quando têm filhos? Entendo a personagem, também voltaria no tempo para ver como meus pais amadureceram enquanto eu me preocupava só em crescer.
E então, domingo passado liguei para eles e perguntei como era. Minha mãe jurou que sabia o que estava fazendo todo aquele tempo, mas meu pai disse que só não pensava muito sobre. (Não vou entrar aqui nos aspectos sociais e econômicos, apesar deles existirem nessa situação).
Logo, me dou conta dos meus privilégios. Aos 34 anos, tenho tempo para pensar sobre isso, enquanto meus pais mal tinham tempo para terminar de crescer.
E isso, cá entre nós, explica algumas coisas.
Contei para os meus pais que, muitas vezes, me sinto encenando. Há dias que preciso tirar do armário o script que criei de "ser adulto", decoro as falas e sigo torcendo para que ninguém descubra que ali é um mero personagem.
Às vezes encontro uma pessoa que percebe, mas não diz nada porque ela também tá fazendo igual; outra que eu percebo, mas ela não se deu conta disso; e ainda tem aqueles que abrem o jogo comigo e contam há quantos dias estão em cima daquele palco e como isso é exaustivo.
Minha mãe riu e disse: É, a tua geração é muito menos madura que a nossa.
É isso? Imatura, logo eu?
Penso em quão prática pode ter sido a vida de pessoas de gerações como as de meus pais em que criavam um plano e só seguiam, sem parar pra questionar muito. E o quão frustrante deveria ser quando por algum motivo não conseguiam seguir o plano.
Da mesma forma, quão complicada e, talvez, imatura é a vida da minha geração, que pensa tanto, tanto, e sempre e tanto que ficamos mais no pensamento do que na ação. Assim, quando finalmente agimos, temos todos os cenários e possíveis contra-golpes na cabeça, mas já estamos mais velhos e tão cansados do plano inicial agora.
Afinal, o que é real e o que não é? Eles fingiam como nós? Você finge às vezes como eu? A gente realmente não sabe o que está fazendo ou só estamos sendo imaturos?
Sinceramente, não sei. Mas se você souber, por favor, me conta.