Aconteceu. O meu sabático está próximo do fim.
O engraçado é que ele vai acabar justamente quando planejei. A graça é que eu tinha certeza que o planejamento ia dar errado.
Ironia.
Sempre gostei de quem sabe lidar com a ironia como ela pede que seja: sem levar a sério.
Meus últimos meses foi ironia pura. Eu que sempre gostei de ter o mínimo do controle por conta da ansiedade, escolhi abrir mão dele. Eu decidi, conscientemente, não decidir o máximo possível das coisas, fazer o que pintasse quando quisesse.
No começo eu fiz de tudo. Depois fiz absolutamente nada. E então entrei num modo de fazer ou não, dependendo do dia e das opções.
E assim, me aproximei dos meus amigos. Da minha família. Conheci pessoas totalmente fora da minha bolha, li livros de autores que nunca tinha ouvido falar e adquiri um estoque de conhecimentos aleatórios de dar inveja ao Google.
Sai pra almoçar com minhas amigas do ex-emprego, pra beber com meu ex-professor, pra jantar com meu marido e nosso cachorro.
Viajei duas vezes com a minha melhor amiga em cidades que nem eu e nem ela moramos, e fiquei semanas em casa vendo tv com o meu pai que não mora comigo há mais de 30 anos.
Ironia.
E em um dia desses como qualquer outro, recebi uma proposta de emprego que eu não esperava, de uma empresa que eu não esperava.
Ironia.
Estou lendo um livro de um autor coreano que é conhecido pelo estilo irônico de escrita. Num trecho ele diz:
“Receita pra guardar um elefante dentro da geladeira:
Abra a geladeira
Coloque o elefante
Feche a geladeira”
A vida é irônica. A gente decide se vai rir ou se vai ficar achando sem pé nem cabeça.
Na nova fase e nas outras que virão, espero continuar rindo.